Tudo mudando na minha empresa com a autogestão e eu… posso ser a mesma pessoa de sempre?

A busca pela autogestão acompanha o interesse em se gerar mais engajamento do time, tomar decisões mais inteligentes e rápidas distribuindo autoridade e aumentar a capacidade da organização de atuar em cenários complexos. Aspectos esses mais difíceis de serem alcançados com a lógica do comando e controle.

Mas nem tudo são flores na transição de um modelo hierárquico para a autogestão. Em um primeiro momento, é possível inclusive que as pessoas experimentem a sensação de que a organização interna “piorou” — para depois melhorar.

Dores e desafios da transição para a autogestão

A transição de uma empresa para a autogestão demanda várias mudanças — aprendizado de novos padrões, implementação de estruturas que de fato permitam a descentralização…entre as mais desafiadoras estão aquelas que exigem transformações individuais das pessoas no seu jeito de pensar e agir.

Este texto reúne dores comumente sentidas por pessoas quando começam a operar num sistema autogerido e sugestões de como lidar com esse processo a partir da visão da Sociocracia.

1) Organize suas próprias tarefas

Em uma empresa autogerida ninguém vai te dizer o que fazer hoje. E nem quais tarefas são prioritárias. É esperado que você mesmo defina como cuidar das responsabilidades dos seus papéis. Não tem certo ou errado: experimente várias formas de organizar seu tempo e veja o que funciona bem para você. Se o andamento das suas tarefas impactar o trabalho de alguém… provavelmente essa tensão surgirá e vocês poderão cuidar dela.

2) Se você nunca traz tensões para o seu círculo, provavelmente não entendeu o que as tensões significam ou está com medo

A tensão é o que cria movimento na Sociocracia. Expressar suas tensões e dizer ao círculo do que você precisa para cuidar delas demonstra que você tem compromisso com o desempenho dos seus papéis. Não tenha medo! Se você não souber qual a melhor forma de trazer tensões, peça ajuda a quem desempenha o papel de facilitação no seu círculo.

3) Exercite sua proatividade

Se você já sabe o que é esperado do seu papel, faça! Se você tem dúvidas, pergunte! Se você acha que não vai dar conta, avise! Não espere que outras pessoas demandem de você.

4) Ser transparente também é ter coragem!

Não espere até um documento estar perfeito para compartilhá-lo. Mesmo que seu trabalho ainda esteja em andamento e possa ser melhorado, é essencial deixá-lo acessível para que as outras pessoas também consigam desempenhar seus papéis. Lembre-se do mantra: bom o suficiente por agora!

5) Reconhecimento e carreira

Não é porque você não pode ser líder de uma grande equipe que o seu trabalho não seja importante ou que as pessoas não reconheçam o seu valor. O crescimento profissional em uma empresa autogerida não é para cima. Crie um plano de desenvolvimento individual e convide algumas pessoas do seu círculo para te acompanhar nesse caminho, oferecendo feedbacks e apreciações sobre seu desenvolvimento.

E, no geral…

Se estiver com medo, com dúvidas ou algum bloqueio: peça ajuda. A transição para a autogestão é um aprendizado coletivo entre todos da organização. E adotar a autogestão não quer dizer que você precise lidar com seus desafios sozinho(a).

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Escrevi esse texto durante o Treinamento em Liderança Sociocrática — SoLT, a partir de entrevistas com três pessoas que vivenciaram a transição de uma empresa para a autogestão e das vivências dos membros de um dos círculos criados durante a organização temporária formada no curso.

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